(Foto: McLaren)

A longa jornada da McLaren para voltar a ser time grande na F1

A equipe McLaren é uma das mais tradicionais e vitoriosas da história da F1. No entanto, há mais de uma década ela vem tentando, sem sucesso, cumprir uma missão: voltar as ser uma das protagonistas da categoria. Desde que conquistou seu último título mundial, a McLaren passou por diversas fases diferentes, com mudanças técnicas, esportivas e administrativas.

O último título da McLaren na F1 veio na temporada de 2008, quando Lewis Hamilton superou Felipe Massa em disputa acirrada para conquistar seu primeiro campeonato na categoria. Nos anos seguintes, entre 2009 e 2012, a McLaren se manteve no pelotão da frente, na luta constante por vitórias. E vamos usar este momento como o ponto de partida para o nosso vídeo.

Em 2012, Hamilton e Jenson Button conquistaram juntos sete vitórias, e tinham um conjunto tido como um dos mais competitivos de todo o grid. No entanto, houve muitas falhas mecânicas e operacionais, de modo que o título acabou não vindo. Aquele foi o último ano da McLaren como uma genuína equipe de ponta. Depois disso, a equipe passou por um período de perdas importantes.

Hamilton se mudou para a Mercedes em 2013, sendo que o diretor técnico, Paddy Lowe, fez a mesma mudança poucos meses depois. Já a patrocinadora principal do time, a Vodafone, anunciou o término do acordo ao fim da temporada de 2013.

Naquele ano, a McLaren caiu de patamar e sofreu com um carro pouco competitivo, e fechou a temporada sem um pódio sequer. De toda forma, ela já estava de olho em sua próxima fase. A equipe oficializou que iniciaria, em 2015, uma parceria de fábrica com a Honda, o que era considerado o seu grande trunfo para voltar a conquistar títulos.

Sendo assim, o ano de 2014 foi um período de transição com a mudança para o regulamento turbo híbrido, quando a McLaren concluiria a sua longa parceria com a Mercedes e preparava o terreno para a chegada da Honda. Mas, nos bastidores, as mudanças foram além. Para 2014, Martin Whitmarsh deixou o posto de chefe de equipe, sendo que Ron Dennis voltou a se envolver mais diretamente nas operações do dia a dia. Ele teria como braço direito Eric Boullier, ex-Lotus, que ocuparia o posto de diretor de competições.

Versão em vídeo desse artigo

O fracasso da nova parceria da McLaren com a Honda

As grandes expectativas da McLaren estavam voltadas mesmo para 2015. Retomando a histórica aliança com a Honda, a equipe também teria o reforço de Fernando Alonso, que formaria uma dupla de campeões mundiais com Jenson Button.

Mas, se a equipe esperava voltar a ocupar o pelotão da frente, o trauma foi grande. O conjunto McLaren-Honda não tinha velocidade e nem confiabilidade, o que rendeu muitas reclamações dos pilotos quanto ao motor, principalmente por parte de Alonso, em episódios que se tornaram famosos.

Nos anos de McLaren-Honda, a equipe obteve apenas três quintos lugares como melhores resultados, sem ir além do sexto posto no Mundial de Construtores. Isso transformava a McLaren em motivo de chacota, e deixou a relação com a Honda bastante tensa.

Projeto de parceria com a Honda combinado com os campeões mundiais Alonso e Button só deixou decepções para a McLaren
Projeto de parceria com a Honda combinado com os campeões mundiais Alonso e Button só deixou decepções para a McLaren

Acontece é que as tensões também se estendiam para os bastidores. Quando voltou às operações da equipe de F1, Ron Dennis tinha a missão de levantar as verbas para poder comprar ações da McLaren e se tornar acionista majoritário. Como ele não conseguiu fazer isso dentro do prazo estipulado, os outros acionistas decidiram afastar Dennis da McLaren em definitivo. Também no final de 2016, Jost Capito chegou a ocupar a posição de diretor executivo do projeto de F1, mas também saiu depois de apenas três meses na função.

Revolução da administração da equipe

Com tantos problemas dentro e fora da pista, a McLaren acabou entrando em um período de grandes mudanças internas. Ainda no fim de 2016, o americano Zak Brown foi nomeado como novo diretor executivo, e era dele a missão de colocar a casa em ordem.

Sob nova direção, a McLaren voltou a usar a cor laranja em 2017, e passava a olhar com mais atenção para outras categorias além a F1 – algo exemplificado pelas participações de Alonso nas 500 Milhas de Indianápolis. Já em 2018, ela rompeu a fracassada parceria com a Honda para contar com os motores Renault.

Só que as coisas não melhoraram como a McLaren esperava. A equipe continuava com dificuldades de performance, com intensos problemas aerodinâmicos em seu carro, sendo que o desejo de voltar a ser presença constante no pódio ainda parecia algo bem distante.

Com isso, Boullier deixou o posto de diretor de competições em meados de 2018, e as operações ficaram ao encargo de Gil de Ferran, o diretor esportivo, e Andrea Stella, que seria o diretor de performance. Diante de todas as dificuldades em 2018, a McLaren enfim se dá conta de que a sua recuperação não seria algo tão fácil quanto ela imaginava.

Para 2019, Alonso se afastou da F1, e a McLaren trouxe uma dupla completamente nova, com Carlos Sainz e o estreante Lando Norris. Porém, uma de suas prioridades era reforçar o departamento técnico, e para isso ela recrutou James Key, que fazia um trabalho de destaque na Toro Rosso. Quem também chegou foi Andreas Seidl, ex-líder do projeto da Porsche no endurance, para ser chefe de equipe.

E os primeiros resultados enfim apareceram. Em Interlagos, Sainz obteve o primeiro pódio da McLaren em mais de quatro anos. A equipe foi a quarta colocada no Mundial de Construtores, atrás apenas das três grandes, Mercedes, Ferrari e Red Bull.

2020 foi ainda melhor. Foram mais dois pódios, e o terceiro lugar entre os construtores, o melhor resultado da equipe desde 2012. E, para reforçar o bom momento na pista, ela deixou os motores Renault para recriar a parceria com a Mercedes para 2021. Naquele ano, fez dobradinha em Monza e venceu sua primeira corrida em quase uma década, com Daniel Ricciardo, substituto de Sainz. Depois de muito tempo, a McLaren entrava em fase de crescimento.

Ricciardo e Norris no pódio de Monza celebrando a dobradinha da McLaren no GP da Itália de 2021
Ricciardo e Norris no pódio de Monza celebrando a dobradinha da McLaren no GP da Itália de 2021 (Foto: Steven Tee / LAT Images / Pirelli)

Só que o período da pandemia trouxe alguns desafios do lado financeiro, e para isso a McLaren tomou decisões importantes. Ela chegou a abrir espaço para a chegada de novos acionistas, pediu um empréstimo a um banco barenita, além e vender a sua sede, o McLaren Technology Centre, tornando-se locatária da estrutura.

McLaren volta a enfrentar problemas

Na virada para o novo regulamento em 2022, a McLaren começou a temporada sofrendo com os dutos de freio, mas depois se recuperou. Obteve um pódio com Norris em Imola e fechou em quinto nos construtores, com uma sensação de dever não cumprido.

De toda forma, a equipe de novo passaria por mudanças, pois Andreas Seidl deixou a McLaren para se juntar à Sauber como diretor executivo. O seu lugar foi ocupado por Andrea Stella, que era o novo chefe de equipe.

Assim, chegamos a 2023, e a McLaren mais uma vez teve um começo de campeonato longe do ideal. O seu carro, o MCL60, não atingiu as metas de desenvolvimento da equipe, de modo que ela esteve longe dos pontos nas primeiras provas.

Por mais que considere que há mais potencial do conjunto para ser extraído, a McLaren promoveu mais movimentações de forma imediata: James Key deixou o posto de diretor técnico, sendo que a função agora contará com três pessoas para reportarem ao chefe Andrea Stella.

Para o futuro, além da nova organização de seu corpo técnico, a McLaren irá apostar suas fichas em um novo túnel de vento em sua fábrica, que pretende estrear em junho. Com isso, a equipe espera acelerar o seu ritmo de desenvolvimento, já que até então vinha usando o túnel de vento da Toyota, na Alemanha, muito distante de sua sede.

De todo modo, a McLaren terá de correr contra o tempo para organizar a casa e cumprir sua antiga meta de estar entre as protagonistas da F1 na temporada de 2024.

Comunicar erro

Comentários

Wordpress Social Share Plugin powered by Ultimatelysocial