Como se saíram as últimas montadoras que entraram na F1?
Depois de anos de especulação e rumores frustrados, enfim se tornou oficial: a Audi anunciou que irá entrar na F1. Isso acontecerá a partir da temporada de 2026, quando a categoria estreará um novo regulamento de motores.
Será um momento que atrairá a atenção dos olhos do mundo, já que uma nova fabricante se colocará à prova diante dos desafios técnicos da F1. É sempre um momento de destaque e que chama a atenção de todos na categoria pois grandes marcas do setor automotivo normalmente entram no Mundial com investimento para tentar brigar rapidamente por vitórias.
As últimas duas companhias do setor automotivo a entrarem de alguma forma na F1 foram Aston Martin e Alfa Romeo, que dão nome a duas equipes. Porém, é importante destacar que ambas estão no Mundial através de contratos de marketing, em que compram o nome dos times (Racing Point e Sauber, respectivamente).
Desta forma, o Projeto Motor separa aqui como as últimas montadoras que entraram na F1 de uma forma direta, com investimento em desenvolvimento técnico. Como elas se prepararam e quais resultados que tiveram? Vamos às histórias:
Honda (última passagem na F1: 2015)
Em maio de 2013, a Honda oficializou seu retorno à F1, em uma parceria que já começou cheia de expectativas. A fabricante japonesa voltaria a se aliar à McLaren, em um acordo técnico e comercial que teria início a partir de 2015. O novo regulamento V6 turbo híbrido foi um fator decisivo para o retorno da Honda, mas, na prática, nunca houve um encaixe com os planos da McLaren.
Inicialmente, a equipe inglesa apostava em um conceito aerodinâmico extremamente compacto, o que exigia que as unidades construídas em Sakura, no Japão, seguissem o mesmo princípio. Isso resultou em um conjunto que apresentava falta de potência e de confiabilidade.
A unidade foi redesenhada para 2017, o terceiro ano da parceria, mas os resultados esperados nunca vieram. A Honda havia virado motivo de chacota, e precisava urgentemente reconstruir o seu prestígio.
Assim, para 2018, ela iniciou uma aliança com a Toro Rosso, e no ano seguinte a parceria envolveria a Red Bull, o que seria a maior chance da Honda em lutar pelas primeiras posições. E, de fato, o momento era completamente diferente: a Red Bull-Honda venceu corridas em 2019 e 2020, e, em 2021, chegou ao título mundial com Max Verstappen.
Porém, antes de selar a conquista, a fabricante japonesa havia anunciado que encerraria a parceria em caráter oficial. Agora, a Honda apenas presta suporte técnico à Red Bull, em acordo que deve durar pelo menos até a temporada de 2025.
[Atualizado em 21/06/2023] Só que para desgosto da Red Bull, depois que a equipe revolveu fazer um enorme investimento na fabricação de seu próprio motor a partir de 2026, fechando até uma nova parceria técnico-comercial para iniciar a empreitada com a Ford, a Honda mudou de novo de ideia. A montadora japonesa anunciou que irá seguir na F1 no novo ciclo de regulamento de motores que se inicia em 26, mas que agora será fornecedora da Aston Martin.
Toyota (passagem pela F1: 2002)
Antes de largar em seu primeiro GP, a Toyota passou por uma árdua preparação. Inicialmente, a marca japonesa descontinuou os seus projetos no endurance e no rali para se concentrar totalmente em sua investida na F1. Isso também incluiu um ano inteiro dedicado somente a testes realizados ao redor do mundo em 2001.
Para sua estreia, em 2002, a Toyota apostava em instalações de primeira linha, construídas na cidade de Colônia, na Alemanha. Mas foi justamente a falta de sincronia entre as operações da Europa e do Japão que acabou sendo uma pedra no sapato nas intenções da equipe.
A Toyota ganhou destaque ao pontuar em duas das primeiras três corridas que fez na F1, mas, de uma forma geral, ela não conseguia se desvencilhar do pelotão intermediário. Em oito temporadas na categoria, a Toyota investiu muita grana, mas não conseguiu ir além de 13 pódios e três pole positions.
A empreitada chegou ao fim de maneira melancólica, com uma retirada imediata após o término da temporada de 2009 devido à crise econômica global, o que fez da marca japonesa um dos grandes cases de insucesso da F1.
Renault (2001)
Ao fim de 1997, a Renault deixou a F1 em caráter oficial, e permaneceu na categoria apenas de forma indireta, com seus antigos motores que foram rebatizados de Mecachrome, Supertec e Playlife. Mas sua ausência não durou muito tempo, já que ela ainda tinha planos muito ambiciosos pela frente.
Em março de 2000, a fabricante francesa anunciou não só que voltaria à F1, mas que compraria todas as operações da equipe Benetton.
O retorno seria gradativo. Em 2001, a equipe manteria o nome de Benetton, e a Renault entraria oficialmente como a fornecedora de motores. O plano envolvia um novo motor V10, que chamava a atenção por sua incomum angulação de 111º, uma configuração mais aberta do que o convencional.
A temporada não começou bem para a Benetton, que chegou a compor o fundo do pelotão, mas a equipe retomou a boa forma perto do fim do ano, inclusive com um pódio de Giancarlo Fisichella em Spa.
A partir de 2002, a Renault tomou conta de vez e voltava com sua equipe própria. O novo time amarelo e azul ganhou terreno aos poucos, com sua primeira vitória em 2003, e os títulos de Fernando Alonso em 2005 e 2006. A fabricante esteve sempre envolvida oficialmente com a F1 desde então, seja com sua equipe própria em diferentes passagens, seja como fornecedora de motores.
Atualmente, ela compete como fornecedora de motores usando seu próprio nome, mas segue como dona de equipe utilizando sua marca de modelos esportivos Alpine.
BMW (2000)
Depois de obter sucesso na F1 nos anos 80, a BMW retornou em uma parceria ambiciosa. Ela havia anunciado em 97 que teria uma futura parceria técnica com a campeã mundial Williams, então a marca alemã foi mais uma que realizou uma longa preparação antes de sua primeira largada.
Em um projeto encabeçado pelo ex-piloto Gerhard Berger, a BMW realizou extensos testes ao longo de 99 com um carro híbrido – ou seja, com um modelo da Williams adaptado aos propulsores alemães.
A estreia oficial aconteceu em 2000, e já no ano seguinte, em 2001, vieram as primeiras vitórias, com Ralf Schumacher e Juan Pablo Montoya. Mesmo que a Williams-BMW tenha sido uma força do grid, o título mundial nunca veio, com destaque para uma temporada em que Montoya chegou perto, em 2003.
Mas as coisas esfriaram entre Williams e BMW, e a marca alemã iniciou uma nova empreitada a partir de 2006, quando deixou a equipe inglesa para se tornar dona da Sauber. O ano mais forte da nova parceria foi em 2008, quando Robert Kubica venceu no Canadá e flertou com a possibilidade de lutar para ser campeão.
Só que a BMW foi mais uma montadora a deixar a F1 devido à crise que assolou a economia global no final da década, então o plano foi interrompido sem que o sonho do título tenha se tornado realidade.
Ford (1997)
O caso da Ford destoa dos outros exemplos desta lista. Afinal, a fabricante já tinha uma longa presença na F1 que durava décadas, mas no final dos anos 90, ela ampliou suas operações até ter uma escuderia própria.
A partir de 97, a Ford teve como sua parceira oficial a novata equipe Stewart. O ano mais promissor veio em 99, com direito a vitória, pódios e pole position.
Diante do bom momento, a Ford anunciou em junho daquele ano, que se tornaria proprietária da Stewart a partir de 2000. A equipe correria com uma nova cara, sendo rebatizada de Jaguar, marca que na época pertencia à Ford.
Se a esperança era dar continuidade à ascensão da Stewart, não foi isso que aconteceu. A Jaguar nunca se aproximou do pelotão da frente, e conseguiu somente dois pódios em cinco temporadas disputadas.
Ao fim de 2004, a paciência da Ford acabou e ela deixou a F1. Sua equipe foi vendida a um novo proprietário, dando início à Red Bull Racing.
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