Ford e Red Bull anunciaram parceria para a F1
(Foto: Ford)

Entenda o plano da Ford para retornar à F1 em 2026

Após a Audi oficializar sua entrada na F1, a Ford é a mais nova montadora a anunciar que deve competir no Mundial a partir de 2026, quando o novo regulamento técnico e de motores entrará em vigor.

Ao contrário da fabricante alemã, que fará sua estreia na categoria, a Ford é uma marca que tem uma participação bastante longa no campeonato. Sua última empreitada foi há quase 20 anos com uma equipe própria batizada com o nome da Jaguar, que na época fazia parte do grupo americano.

Antes de assumir o time, a Ford também participou como fornecedora de motores da Stewart, que começou a organização antes de vendê-la para montadora. Boa parte da história da marca na F1, no entanto, foi através da Cosworth.

Por um longo período, a fabricante independente desenvolveu motores para equipes clientes enquanto a Ford comprava os direitos para estampar sua marca. Em 1998, porém, querendo montar uma operação oficial, a montadora americana comprou a divisão de competição da Cosworth, passando a entrar apenas como Ford na F1.

Em 2004, após vender a equipe Jaguar para a Red Bull e resolver deixar a F1, a companhia também negociou a Cosworth Racing para os então proprietários de times da Indy Gerald Forsythe e Kevin Kalkhoven.

Coincidentemente, 19 anos depois, a Ford anuncia que irá se juntar justamente com a Red Bull para retornar à F1.

Como irá funcionar a parceria entre Ford e Red Bull

Em 2021, a Honda, então fornecedora de motores da Red Bull, anunciou que iria deixar a F1. A equipe austríaca resolveu não correr atrás das outras marcas do grid (Mercedes, Ferrari e Renault) e anunciou que iria criar um novo departamento interno de fabricação de unidades de potência: a Red Bull Powertrains.

O foco, porém, seria desde o início o novo motor de 2026. Para as temporadas até 2025, o time conseguiu um acordo com a Honda, que venderia a propriedade intelectual de seu motor para que a escuderia o seguisse utilizando nos anos seguintes. Essa situação foi favorecida pelo congelamento dos propulsores que entrou em vigor em 2022, que tem como objetivo permitir as montadoras a direcionarem seus recursos financeiros para o motor do próximo regulamento.

Em um segundo momento, o contrato entre Red Bull e Honda foi ajustado e os japoneses seguiram montando as unidades de potência em sua base, além de prestarem o serviço de manutenção. Por isso, o logo da Honda segue nos carros da Red Bull, na parte de trás do carro.

Enquanto isso, a Red Bull foca em recrutar técnicos que trabalhavam em concorrentes, muitos vindos da Mercedes, para desenvolver a sua próxima unidade de potência. O time, no entanto, sentiu que uma parceria com alguma montadora poderia facilitar esse caminho. Tanto em termos financeiros como em expertise técnica.

A primeira candidata a surgir foi a Porsche, que chegou muito perto de concretizar o acordo. Minutas chegaram a ser trocadas, mas a empresa alemã queria também comprar 50% da equipe de F1 e não participar apenas da produção dos motores. Isso a deixaria em posição de igualdade nas tomadas de decisão gerais do time. A Red Bull acabou não gostando do cenário e desistiu.

Agora, o acordo com a Ford é diferente. A empresa americana, a princípio, vai se alinhar aos austríacos apenas na Red Bull Powertrains. Inclusive, a unidade de potência irá carregar o nome de “Red Bull Ford”. O acordo transborda a parceria comercial e, segundo o comunicado oficial da marca americana, inclui uma forte cooperação técnica.

“A Ford irá fornecer expertise em todas as áreas que puder adicionar valor à equipe líder do Campeonato Mundial. As áreas para serem exploradas em conjunto são o desenvolvimento do motor a combustão e qualquer desenvolvimento chave como células de bateria e tecnologia do motor elétrico, software de controle da unidade de potência e análise.

O forte DNA da Ford no automobilismo

A Ford tem uma longa história no automobilismo mundial. Diferente de compatriotas como General Motors e Dodge, ela têm um vasto currículo em categorias internacionais, não se contendo apenas às fronteiras americanas.

Na F1, ela competiu por décadas batizando os motores da Cosworth, mas também teve uma passagem, como já explicamos, com operação oficial entre 1998 e 2004. E mesmo estando ausente nas últimas duas décadas da F1, a sua presença em outros campeonatos sempre foi marcante.

Para se ter ideia, com a entrada na F1, a marca estará presente a partir de 2026 no WEC e na IMSA (incluindo 24 Horas de Le Mans) com seu Mustang GT3, no WRC em parceria com a equipe M-Sport e seu modelo Puma híbrido, no Rally Dakar com a Ranger Raptor, na Baja 1000 de Ranger Raptor e o modelo Bronco, e na Nascar, NHRA e Supercars australiana com variações do Mustang.

Ford participou de Le Mans nos últimos anos com seu GT 40 e voltará em 2024 com o novo Mustang GT3
Ford participou de Le Mans nos últimos anos com seu GT 40 e voltará em 2024 com o novo Mustang GT3 (Foto: Ford)

É uma operação grandiosa, com diversos parceiros específicos, mas que coloca a empresa entre as que mais investe em esporte a motor no mundo. Agora, com um acordo com uma das principais equipes do grid da F1, fica a expectativa sobre o desempenho nesta nova empreitada com campanha oficial da marca.

Novas montadoras em 2026

Pouco depois do anúncio da Ford, a FIA aproveitou para compartilhar as empresas que se registraram para entrarem na F1 em 2026 como fornecedoras de motor. A lista tem poucas surpresas e novidades, porém, informações interessantes.

A Renault se inscreveu desta vez como Alpine, mudando o atual formato de sua operação oficial que carrega a nomenclatura do motor de Renault. Mercedes e Ferrari também seguem normalmente na categoria.

A nova parceria revelada nesta sexta-feira já aparece na lista como Red Bull Ford. Outra estreante será a Audi, que comprou parte da Sauber (que atualmente carrega o nome da patrocinadora Alfa Romeo) e que irá produzir unidades de potência do zero em sua própria base esportiva.

A grande curiosidade, no entanto, é a aparição da Honda. Apenas um ano e meio depois de anunciar que deixaria a F1, a companhia japonesa parece estar reconsiderando a decisão.

A informação de bastidor é que o registro foi feito para manter a opção de participar em aberto, mas que os principais dirigentes da empresa ainda estão discutindo se irão partir para um nova campanha solo no Mundial. A marca ainda não tem, por enquanto, nenhuma parceira estabelecida com uma equipe para o futuro.

A Porsche acabou sendo uma ausência após tantos rumores e até negociações para uma entrada no grid. A empresa alemã, no entanto, sempre deixou nas entrelinhas que não pretendia criar uma nova operação para produzir uma unidade de potência do zero, como a Audi, do mesmo grupo Volkswagen, irá fazer.

Uma das possibilidades é que a Porsche aproveite a ligação com a Audi e compre motores produzidos pela marca das argolas para rebatizá-los com seu nome. Assim, ela poderia ainda investir em outra equipe, usando a F1 como uma simples plataforma de marketing.

Por último temos a situação da General Motors. A montadora americana anunciou no começo de janeiro que irá apoiar a candidatura da Andretti como nova equipe do grid. Eles explicaram ainda que irão usar a marca Cadillac, que faz parte do grupo, e que também está competindo na IMSA e no WEC.

A GM esclareceu que, em um primeiro momento, pretende fazer uma parceira técnica com outra montadora para desenvolver a sua unidade de potência. Por isso ela não teria feito o registro na FIA.

Rumores indicam que a Honda poderia ser uma forte candidata para essa parceria pelo fato das duas empresas já possuírem um projeto conjunto de carros elétricos de rua. Cada uma, então, competiria com a sua marca nas suas respectivas equipes clientes.  

Em um segundo momento, dependendo do retorno gerado pela campanha, a GM deixou em aberto a possibilidade de partir para um projeto solo a partir de 2030, quando será feita uma nova consulta para registro de fabricantes pela FIA.

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