Christian Horner, chefe da Red Bull
(Foto: Clive Mason/Getty Images)/ Red Bull Content)

Como a Red Bull será punida por descumprir o teto de gastos da F1

A FIA anunciou nesta sexta-feira (28) que após identificar inconsistências no relatório de auditoria apresentados por Red Bull e Aston Martin à comissão que inspeciona a execução do teto de gastos da F1, as duas equipes entraram em acordo com a entidade para o cumprimento de punições.

Segundo o relatório apresentado pela FIA, após um primeiro questionamento, a Red Bull e Aston Martin se mostraram abertas e colaborativas em apresentar novos documentos e responder dúvidas da comissão. Além disso, não foram encontrados indícios de má fé por parte das empresas.

Porém, na visão da comissão de administração do teto orçamentário, a Red Bull cometeu erros na sua apresentação de custos ao excluir alguns gastos de forma incorreta no valor total de £ 5,6 milhões. Desta forma, a Red Bull teria ultrapassado o teto em £ 1,8 milhão.

O regulamento financeiro da F1, que entrou em vigor pela primeira vez em 2021, realmente tem algumas exceções que podem ser retiradas dos gastos das equipes dentro do teto, como ações de marketing, salários dos pilotos e dos três principais dirigentes, atividades da empresa que não são relacionadas à F1 (ex: participação de eventos) e manutenção da área histórica do time (ex: manutenção de carros clássicos).

A FIA apontou, no entanto, uma lista de itens que foram excluídos da lista de despesas que deveriam contar abaixo do teto pela Red Bull. São elas:

– Serviços de refeição para os funcionários
– Contribuições para segurança social (previdência) dos funcionários
– Despesas com atividades não ligadas à F1
– Atenuação de custos relevantes no ganho na venda de ativos fixos por não fazer ajustes contábeis necessários
– Custos com taxas
– Custos com a utilização de unidades de potência
– Atenuação de custos relevantes na provisão relacionada a inventário
– Erro no cálculo em certos custos investidos na Red Bull Power Trains (departamento de unidade de potência)
– Custos com viagens
– Custos de manutenção

Punição da Red Bull

Desde que as primeiras notícias de que a Red Bull teria infringido o regulamento financeiro, a equipe se defendeu dizendo que estava dentro do teto e que não tinha cometido nenhuma infração.

Na última semana, a FIA ofereceu ao time um acordo em que ela aceitaria a conclusão da comissão da entidade e assim se submeteria a algumas penas. As sanções seriam no nível mais brando, segundo a FIA, por que o estouro do teto foi menor do que 5%. Essa conduta realmente já estava prevista no regulamento financeiro.

Duas penalizações foram financeiras: uma multa de U$ 7 milhões e assumir os custos do processo com advogados e auditoria incorridos durante a confecção do acordo, o que exigiu análises extras dos documentos e números apresentados pela equipe.

Red Bull teve que admitir ter estourado o teto de gastos e sofreu uma sanção para o desenvolvimento de seus carros
Red Bull teve que admitir ter estourado o teto de gastos e sofreu uma sanção para o desenvolvimento de seus carros (Foto: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Content)

Além disso, a Red Bull ainda teve uma punição esportiva através de diminuição durante os próximos 12 meses de 10% do tempo máximo permitido de utilização do túnel de vento e do CFD (sistema de análise de dinâmica de fluidos computacional que serve para simular por computador a aerodinâmica dos carros).

É bom lembrar que por ter conquistado o título de construtores de 2022, a equipe já teria de qualquer jeito menos tempo que as outras para o uso das duas ferramentas em 2023, por conta do novo regulamento de equilíbrio de forças da categoria. A regra prevê uma escala do último até o primeiro colocado do campeonato anterior.

Christian Horner, chefe da equipe, afirmou em comunicado à imprensa que o time só aceitou as punições por acreditar que dificilmente reverteria a decisão e que ainda correria o risco de sanções mais severas em caso de alongar o processo através de recursos.

Ele também culpou o estouro do teto por diferentes interpretações das regras por parte da empresa e da FIA pelo fato de ser um conjunto de regras novo, que ainda precisa de “amadurecimento”. Além disso, Horner ainda criticou pessoas do paddock que julgaram as punições leves.

“Recebemos uma penalização significativa, tanto financeiramente como esportivamente, de sete milhões de dólares, o que é uma quantidade enorme de dinheiro, que deve ser paga em 30 dias. E, obviamente, a parte mais draconiana é a penalidade esportiva, o que representa uma redução de 10% em nossa capacidade de utilizar nosso túnel de vento e ferramentas aerodinâmicas”, disse o dirigente.

“E isso, ouvi pessoas dizendo hoje é uma quantia insignificante. Deixe-me dizer agora, é uma quantia enorme. Isso representa algo entre um quarto e meio segundo de tempo de volta”, seguiu.

Aston Martin também recebe penalização

O caso da Aston Martin não foi tão grave quanto o da Red Bull, mas também terminou em restrições. O time não estourou o teto de gastos, porém, segundo a FIA, cometeu infrações processuais que exigiram não só uma revisão como alterações nos números apresentados pela equipe.

Os números que precisaram ser refeitos após o questionamento da FIA, apesar de não fazerem a Aston Martin ultrapassar o teto de gastos, foram:

– Os custos com a obra da nova sede da equipe
– Atenuação dos custos com desenvolvimento e pesquisa
– Custo do novo simulador e taxas de utilização do túnel de vento
– Bônus dos funcionários
– Atenuação dos custos com componentes dos carros transferíveis entre equipes
– Atenuação de custos de provisões para o inventário
– Custos com alimentação

Como a Aston Martin não chegou a superar o teto em si, ela recebeu como penalização apenas uma multa de U$ 450 mil e assumir os custos do processo com advogados e auditoria incorridos durante a confecção do acordo.

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