Verstappen teve uma fase difícil na F1 em 2018
(Foto: Lars Baron/Getty Images / Red Bull Content)

A fase em que Verstappen viveu seu inferno astral antes dos títulos na F1

Max Verstappen chega à temporada de 2023 da F1 como o homem a ser batido. Com apenas 25 anos de idade, o holandês vem embalado por dois títulos mundiais consecutivos, incluindo uma campanha dominante em 2022, quando garantiu a taça com quatro corridas de antecipação, e com o recorde de vitórias em um mesmo ano.

Mas, antes de se tornar uma figura dominante, Verstappen precisou passar por um turbulento período de provações, o que acontece com todos os grandes nomes da F1. No seu caso, isso aconteceu na primeira fase da temporada de 2018. Naquela época, já na Red Bull e com as expectativas de uma equipe de ponta, o jovem piloto se envolveu em acidentes e cometeu uma série de erros, o que o transformou num alvo de críticas.

Aos 20 anos de idade, Verstappen partia para sua quarta temporada na F1, a terceira pela Red Bull. Logo na primeira corrida do ano, na Austrália, ele se classificou em quarto lugar no grid, atrás apenas de pilotos das favoritas Mercedes e Ferrari. Mas logo na largada, o holandês perdeu uma posição para Kevin Magnussen, da Haas, caindo para quinto.

O problema é que Verstappen era muito mais rápido que Magnussen, mas não conseguia concretizar a ultrapassagem, o que o fazia perder contato com o pelotão da frente. E, neste teste de paciência, Verstappen sucumbiu: apenas na décima volta, ele rodou atrás do dinamarquês, perdendo ainda mais posições e acabando com qualquer chance de um bom resultado. Assim, o piloto cruzou a linha de chegada apenas em sexto.

Após a prova, a Red Bull colocou a culpa em um dano no assoalho, o que teria feito Verstappen perder pressão aerodinâmica e rodar. De todo modo, era um começo de ano muito mais apagado do que piloto e equipe esperavam.

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A segunda corrida, no Bahrein, também não foi das mais tranquilas – longe disso. Verstappen bateu na classificação, ainda no Q1, e na corrida abandonou nas voltas iniciais ao se tocar com Lewis Hamilton, o que resultou em danos em seu assoalho e diferencial. Na altura, o inglês criticou a manobra de Verstappen, que considerou “desrespeitosa e imatura”.

Mas foi na corrida seguinte, na China, que o mundo implodiu em sua cabeça. Um safety car favoreceu os dois pilotos da Red Bull, que conseguiram parar nos boxes para colocar pneus novos, e poderiam partir para cima das Mercedes e Ferrari, que ainda tinham pneus velhos. Verstappen era a Red Bull mais bem colocada, e tinha tudo para galgar rumo à vitória.

Mas o holandês tentou uma manobra afobada sobre Hamilton, escapou da pista e perdeu a posição para Daniel Ricciardo, seu parceiro de Red Bull. Voltas mais tarde, o desastre foi ainda maior: bateu em Sebastian Vettel, o que fez os dois rodarem. Assim, Verstappen sofreu uma punição de 10s e terminou a corrida em quinto. Como contraste, Ricciardo fez manobras cirúrgicas, deu à Red Bull a primeira vitória no ano e saiu com a reputação em alta.

Então, para Verstappen, eram três corridas realizadas em 2018, e com incidentes nas três. O seu pai, Jos Verstappen, considerava que o piloto precisava “pensar mais” antes de algumas manobras, enquanto que a FIA esperava que o holandês adotasse mais cautela. Mas ainda haveria mais controvérsias no horizonte, e em um futuro bem próximo.

A quarta corrida de 2018 foi no Azerbaijão, e as coisas começaram na mesma tocada, com um acidente no primeiro treino livre do fim de semana. E, na corrida, ele entrou em rota de colisão com seu parceiro, Daniel Ricciardo. A dupla da Red Bull protagonizou um duelo ferrenho valendo a quarta posição, com manobras agressivas de ambos os lados – e em determinados momentos parecia que as coisas estavam muito perto de passarem do ponto. No primeiro round da disputa, Ricciardo levou a melhor e concretizou a ultrapassagem antes da rodada de pitstops.

Mas, na troca de pneus, o australiano perdeu novamente a posição para o colega, então de novo os dois teriam de resolver o duelo na pista. E foi nisso que aconteceu uma das batidas mais lembradas entre companheiros de equipe da F1 recente. Verstappen protegeu o lado interno, e Ricciardo, com o DRS aberto, foi por fora. Mas o australiano depois tentou mergulhar por dentro, e Verstappen protegeu a linha interna em cima da hora, o que resultou em um acidente que eliminou de uma vez os dois carros da Red Bull.

Era um desfecho trágico para o time. Tanto a Red Bull quanto a FIA consideraram que os dois pilotos tiveram sua parcela de culpa no acidente. Já o tricampeão Niki Lauda viu 70% da responsabilidade sendo de Verstappen, já que viu o holandês se movendo de maneira muito tardia, algo que já havia sido tema de polêmica anos antes, e que já explicamos em um outro vídeo por aqui. Desta forma, a temporada acidentada de Verstappen agora incluía um acidente com o parceiro de equipe – e ainda havia margem para as coisas ficarem ainda mais complicadas…

A sexta etapa do ano, o GP de Mônaco, representava a maior chance da Red Bull até o momento. Isso porque a natureza travada do circuito do principado mudou a relação de forças, e a Red Bull repentinamente estava no páreo. A equipe fez dobradinha em todos os treinos livres, mas sempre com Daniel Ricciardo à frente, na primeira posição.

Na terceira sessão, no sábado pela manhã, Verstappen estava na liderança provisória quando fazia uma volta rápida. Porém, ele bateu no trecho final do circuito, o que provocou grandes danos à suspensão dianteira de seu carro, além de exigir uma troca no câmbio.

Como a equipe não conseguiu fazer os reparos a tempo, Verstappen não participou da classificação e teve de largar no fundo do grid, e na corrida conseguiu se recuperar apenas até o nono lugar. Em contrapartida, Ricciardo fez a pole, liderou de ponta a ponta e venceu pela segunda vez no ano, mesmo enfrentando problemas em sua unidade de potência.

A volta por cima de Verstappen rumo aos títulos

Com tantos incidentes em tão pouco tempo, Verstappen ficava cada vez mais sob pressão, e a sua paciência parecia cada vez menor. Em uma entrevista, foi questionado do porquê estava se envolvendo em tantos acidentes, mas respondeu que estava cansado do assunto e que daria uma cabeçada em alguém que insistisse no tema.

De todo modo, a Red Bull reconheceu que precisava ajudar Verstappen a segurar o ímpeto. E, dali em diante, pouco a pouco as coisas entraram nos trilhos. O holandês emendou pódios, e no GP da Áustria, a nona corrida do ano, venceu pela primeira vez em 2018.

Ele repetiu a dose no GP do México, já na fase final da temporada, e como Ricciardo teve um fim de campeonato problemático, Verstappen até fechou o ano como o melhor piloto da Red Bull – embora tenha tudo mais um momento polêmico, com a confusão com Esteban Ocon em Interlagos.

Nos anos seguintes, Verstappen continuou com seu processo de amadurecimento, até se tornar o grande protagonista da categoria. E, se hoje o holandês já é um piloto consolidado em busca de seu terceiro título mundial, isso é consequência de toda a bagagem adquirida, inclusive naqueles caóticos meses de 2018.

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