As chegadas mais apertadas da história da F1

Muito pelo estilo de corrida e de seus circuitos, não é sempre que a F1 tem chegadas com os primeiros colocados muito próximos, em situação de deixar total suspense sobre o resultado. É diferente, por exemplo, de um oval, em que o carro da frente em uma briga está quase que o tempo todo vulnerável ao seu perseguidor.

Mesmo quando os adversários estão perto, normalmente um ataque nos metros finais é difícil pela falta de oportunidade, com algumas exceções de circuitos que possuem mais espaço para uma tentativa de ultrapassagem na reta final, como é o caso de Monza ou Interlagos.

Mesmo assim, a F1 tem diversos casos em que pilotos receberam a bandeira quadriculada lado a lado e que o vencedor foi decidido apenas nos metros – ou até centímetros – finais da prova. Para se ter ideia, são sete corridas com a diferença entre o primeiro e o segundo igual ou menor a um décimo de segundo.

Separamos nesta lista, os cinco resultados finais mais próximos da história da F1. Para isso, é bom dizer, excluímos provas que terminaram sob a intervenção do safety car, como, por exemplo, o GP da Austrália de 2023, em que Max Verstappen terminou apenas 0s179 à frente de Lewis Hamilton.

5. GP da Itália de 1969

Resultado Final:
1º. Jackie Stewart (Matra-Ford)
2º. Jochen Rindt (Lotus-Ford) a 0s08
3º. Jean-Pierre Beltoise (Matra-Ford) a 0s17
4º. Bruce McLaren (McLaren-Ford) a 0s19

A lista começa já com um dos finais de prova mais impressionantes da F1, com os quatro primeiros colocados terminando separados por apenas 0s19. Entre o vencedor, Jackie Stewart, e o segundo, Jochen Rindt, a diferença ficou em apenas oito centésimos.

E como você pode ver nas imagens abaixo, a última volta da prova em Monza, que ainda não contava com suas chicanes, foi extremamente brigada. Stewart abriu o giro final na frente, foi ultrapassado por Rindt, mas conseguiu recuperar a ponta. Só que ambos foram superados por Jean-Pierre Beltoise na entrada da última curva, a Parabólica.

O francês até saiu na frente da tangente, mas seu Matra escorregou na saída da curva, o que lhe tirou velocidade para a entrada da reta dos boxes. Assim, Stewart e Rindt o ultrapassaram de novo e fizeram um sprint final até a linha de chegada.

Essa incrível briga valeu o título mundial de 1969 para Stewart, que só não entra na lista de conquistas de campeonato mais acirradas e emocionantes da história porque aconteceu com três corridas de antecipação.

4. GP da Áustria de 1982

Resultado Final:
1º. Elio de Angelis (Lotus-Ford)
2º. Keke Rosberg (Williams-Ford) a 0s050

Os favoritos ao GP da Áustria de 1982, que basicamente eram os concorrentes que utilizavam motores turbo, foram ficando pelo caminho com problemas durante a prova. Assim, após o abandono de Alain Prost, da Renault, que já tinha se beneficiado dos problemas das Brabhams de Riccardo Patrese e Nelson Piquet, Elio de Angelis assumiu a liderança faltando apenas cinco voltas para o final.

O italiano, no entanto, viu sua diferença para o segundo colocado, Keke Rosberg, despencar de três segundos para praticamente nada nestes giros finais. E os dois pilotos, que até então nunca tinham vencido uma corrida na F1, entraram juntos na reta final. O finlandês da Williams ainda emparelhou ao lado do carro do rival, mas não foi o bastante, com a diferença ficando em apenas cinco centésimos.

De Angelis, além de celebrar sua primeira vitória na F1, ainda teve a oportunidade de dar o último triunfo a Colin Chapman, o lendário proprietário e projetista da Lotus que morreria no final daquele ano de 1982.

Rosberg, curiosamente, venceria o primeiro GP de sua carreira na etapa seguinte, o GP da Suíça realizado no circuito francês de Dijon, e se sagraria campeão daquela temporada com apenas um triunfo na campanha.

3. GP da Espanha de 1986

Resultado Final:
1º. Ayrton Senna (Lotus-Renault)
2º. Nigel Mansell (Williams-Honda) a 0s014

Ayrton Senna e Nigel Mansell travaram várias batalhas durante suas carreiras, que incluíram ultrapassagens belíssimas, acidentes e uma decisão de título, na temporada de 1991.

No GP da Espanha de 1986, eles protagonizaram uma dura briga pela vitória durante quase toda a prova. Só que nas voltas finais, era Mansell quem tinha o carro mais equilibrado por ter feito seu pit stop depois, o que lhe deixava com pneus bem melhores do que os do brasileiro.

Para se ter ideia, após ultrapassar Alain Prost pelo segundo lugar, o britânico tirou inteiramente uma diferença de mais de sete segundos de Senna nas últimas quatro voltas e entrou na reta final da prova em Jerez quase encostando na traseira da Lotus do brasileiro.

Mansell chegou a emparelhar seu carro, mas não teve tempo de completar a ultrapassagem antes de linha de chegada, perdendo a vitória para Senna por apenas 14 milésimos.

2. GP dos EUA de 2002

Resultado Final:
1º. Rubens Barrichello (Ferrari)
2º. Michael Schumacher (Ferrari) a 0s011

Mesmo com um dos resultados com menor diferença entre o primeiro e o segundo colocados, o GP dos EUA de 2002 é daqueles momentos da F1 que entraram para história por ter um final um pouco estranho.

A Ferrari tinha um carro extremamente dominante na temporada e os títulos de pilotos para Michael Schumacher e construtores já estavam definidos em seu favor. Só que a equipe estava com sua imagem bastante abalada por conta do caso do GP da Áustria de alguns meses antes, em que obrigou Rubens Barrichello a entregar uma vitória para o companheiro.

Schumacher liderou todas as voltas logo à frente do brasileiro, mas quando entrou na reta final, abriu o traçado e diminuiu a velocidade. Barrichello emparelhou o carro e acabou vencendo pela diferença de apenas 11 milésimos.

Pilotos e equipe mudaram várias vezes a versão sobre o que aconteceu naqueles metros finais em Indianápolis. A história mais repetida, no entanto, foi que o objetivo era de tentar que os dois pilotos cruzassem juntos, como um empate, mas que o brasileiro acabou ficando um pouco à frente.

O resultado pode ser considerado o mais apertado da história por uma questão técnica, já que a prova que lidera esta estatística não tinha a cronometragem com a terceira casa dos milésimos.

1. GP da Itália de 1971

Resultado Final:
1º. Peter Gethin (BRM)
2º. Ronnie Peterson (March-Ford) a 0s01
3º. François Cevert (Tyrrell-Ford) a 0s09
4º. Mike Hailwood (Surtees-Ford) a 0s18
5º. Howden Ganley (BRM) a 0s61

Como explicamos acima, não existe certeza de que o GP da Itália de 1971 realmente foi a chegada mais apertada da história por conta da limitação da cronometragem da época. Com a diferença de um centésimo entre os dois primeiros, não se sabe se eles ficaram em milésimos mais ou menos próximos do que no resultado entre Barrichello e Schumacher no GP dos EUA de 2002.

Porém, como neste caso não existiu uma combinação entre companheiros de equipe e o fim da prova ainda contou com uma chegada incrível entre os cinco primeiros colocados, a corrida de Monza tem certa vantagem na contextualização das duas histórias.

A corrida foi extremamente rápida e disputada, com oito pilotos diferentes passando pela ponta da prova e 25 mudanças de líder durante o GP. O vencedor, Peter Gethin assumiu a liderança pela primeira vez apenas a quatro voltas do final, e chegou a cair para quarto na abertura da última.

François Cevert tomou a ponta de Ronnie Peterson na abertura do giro final e liderou praticamente toda a volta. No entanto, na freada para a última curva, a Parabólica, ele foi superado tanto por Peterson quanto por Gethin, que ainda conseguiu um contorno melhor da tangência para sair mais forte e superar o adversário da March na reta até a bandeira quadriculada.

Mike Hailwood e Howden Ganley ainda terminaram praticamente juntos dos três primeiros, em um dos momentos mais incríveis da história da F1.

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