Largada do GP da Bélgica de F1
(Foto: Mark Sutton / LAT / Pirelli)

Como irão funcionar as Corridas Curtas de Classificação da F1

A F1 anunciou nesta segunda-feira (26) uma das maiores mudanças no formato de seu final de semana na história. A adoção das corridas curtas aos sábados para definição do grid de largada do GP de domingo não é apenas uma alteração no regulamento da classificação, mas de toda a dinâmica do final de semana.

A novidade será experimentada em três etapas já em 2021, que ainda não foram oficializadas. No comunicado da F1, foi dito apenas que serão escolhidos dois GPs europeus e um fora da Europa para o teste. Curiosamente, no vídeo de anúncio do novo formato, foram usadas imagens dos GPs da Grã-Bretanha, Itália e Brasil como forma de ilustração. Muito provavelmente, a categoria ainda aguarda costuras comerciais e principalmente a questão da evolução da pandemia para bater o martelo, mas certamente as pistas foram dadas.

Nestas provas, todos os dias do final de semana do GP terão influência direta no resultado final de forma mais direta. Isso porque existirá uma primeira classificação já na sexta-feira que definirá o grid de largada da minicorrida de sábado. E essa, decide a ordem do começo do evento principal, no domingo.

Esse é um dos focos principais da ideia. A F1 acredita que agora poderá ganhar mais atenção do público durante todo o final de semana com sessões que já valem algo logo na sexta-feira, no lugar das análises meio vazias de treinos livres. Em seguida, se aumenta a discussão sobre o sábado, com uma corrida que já pode gerar algum pega, disputa, acidente ou surpresa. E o dominó chega no domingo, com um possível efeito de randomização do grid, já que uma largada ruim, erro ou qualquer outro fator mais presente em corrida do que tomada de tempos pode balançar a formação do grid de largada. Lembrando que isso é a expectativa da F1, não necessariamente a nossa análise aqui do Projeto Motor.  

Por isso tudo, a discussão sobre esse novo formato correu durante meses. As preocupações eram muitas, como tempo de TV, atratividade das provas, valor esportivo delas, recepção por parte do público mais tradicionalista e, claro, custo,. A ideia foi finalmente aprovada agora por unanimidade das equipes e precisa agora para virar regra apenas do carimbo do Conselho Mundial do Automobilismo da FIA, o que normalmente não é um problema quando a coisa já chega amarrada assim.

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Como irá funcionar a minicorrida da F1

A programação do final de semana começará com o tradicional treino livre, que segue com uma hora de duração como nas outras corridas de 2021. A segunda sessão de sexta-feira, no entanto, já será substituída por uma classificação, nos mesmos moldes da utilizada normalmente, com Q1, Q2 e Q3. O resultado nesta tomada de tempos irá definir o grid de largada da corrida de classificação de sábado.

Perceba aqui já uma questão que deve movimentar as equipes e pilotos. Eles terão apenas 60 minutos para acertar seus carros antes da tomada de tempos. Em um final de semana convencional, são 180 minutos até a classificação de sábado. Além disso, o modo “parque fechado” já entra em vigor no início dessa tomada de tempos de sexta-feira.

Os times, no entanto, terão uma pequena abertura para reconfiguração mínima dos carros durante um novo treino livre de 60 minutos que acontecerá no sábado pela manhã, no horário em que hoje acontece normalmente a terceira sessão do final de semana. FIA e F1 prometeram divulgar ainda o que poderá e o que não poderá ser mexido. Já se sabe que a suspensão poderá ser ajustada nas molas e amortecedores.

E então, chegamos à corrida curta. O grid de largada dessa bateria usará o resultado da classificação de sexta-feira. E aí temos uma corrida normal, só que com 100 km, pouco menos de um terço do percurso normal de um GP, sempre próximo dos 305 km. Assim, a expectativa é que essas baterias durem em torno de trinta minutos.

F1 espera aumentar as brigas na pista já no sábado com suas minicorridas
F1 espera aumentar as brigas na pista já no sábado com suas minicorridas (Foto: Andy Hone / LAT / Pirelli)

Nessa prova estilo sprint, não existirá parada obrigatória para troca de pneus, como acontece no domingo. O DRS funciona normalmente. E o resultado final desta pequena corrida irá definir o grid de largada da prova principal do final de semana, no domingo.

Os pilotos que terminarem na frente, além de se garantirem nas melhores posições de largada do GP, ainda receberão uma premiação exta. A minicorrida de sábado irá distribuir três pontos no campeonato para o seu vencedor, dois para o segundo e um para o terceiro, o que representará uma importância considerável na briga pelo título de pilotos e construtores.

Alocação de pneus e custos

A forma como pneus serão distribuídos também mudará um pouco. No primeiro treino livre, pilotos terão dois jogos que eles poderão escolher de forma livre para fazerem seus testes. Na classificação de sexta-feira, porém, cada carro terá direito a cinco jogos de pneus exclusivamente do composto mais macio daquele final de semana.

Depois disso, os pilotos terão um pneu para o treino de sábado de manhã, dois para a corrida curta classificatória à tarde, e mais dois para o GP de domingo. No caso destes todos, pilotos e equipes poderão escolher os tipos de compostos de forma livre. Para a corrida principal de domingo, no entanto, a regra de utilização obrigatória de dois tipos de pneus diferentes continua valendo.

As equipes normalmente ainda recebem três jogos de pneus de chuva e quatro de intermediários para o final de semana para cada carro. No caso de chuva na sexta-feira, elas receberão um jogo extra, mas precisarão devolver esse jogo usado antes da corrida classificação. Se chover no sábado, seja no treino ou na prova minicorrida, os times poderão depois trocar os seus jogos usados de compostos de chuva ou intermediário por novos.

Outra preocupação das equipes na discussão sobre esse formato de provas aos sábados é o do custo, justamente em uma temporada em que está se impondo pela primeira vez um teto de gastos. Mercedes e Red Bull foram as que mais mostraram incômodo por já estarem sentindo dificuldade de diminuírem seus orçamentos para essa temporada para baixo do limite de U$ 147 milhões em 2021, após passarem anos gastando acima dos U$ 400 milhões.

Um dos argumentos é que os carros podem precisar de mais peças de reposição por desgaste natural por andarem mais tempo em modo de competição ao máximo, além de corridas abrirem sempre a chance para mais toques e acidentes. Sendo assim, FIA e F1 concordaram então de adicionar mais U$ 500 mil ao teto por etapa em que as minicorridas sejam realizadas. Além disso, elas também abriram uma brecha para estudarem a necessidade de mais gastos no caso de uma perda de chassi por qualquer motivo nestes eventos.

O novo formato pode ser usado em todas as provas da F1?

A princípio, pelo que declaram representantes da F1, essa não é a ideia. Caso as minicorridas de classificação tenham uma avaliação positiva, o plano seria de adotá-las em mais eventos em 2022, porém, a análise inicial é que dependendo da pista, o formato pode não ser útil.

Circuitos de rua, em especial Mônaco, ou de difícil ultrapassagem, como Hungria, não são vistos como locais em que o efeito desse tipo de programação possa trazer bons frutos. Sendo assim, a F1 poderia passar a contar de forma fixa com dois modelos de programação de final de semana diferentes durante a temporada.

Pense ainda que esse plano precisará ganhar um bom equilíbrio na hora da escolha das provas. Como distribui pontos, caso somente um mesmo estilo de pista seja escolhido, isso poderia beneficiar uma equipe que se dá melhor naquele tipo de traçado. Por isso, o pessoal da F1 precisará escolher bem em quais eventos poderá utilizar o formato para não ouvir reclamações depois de quem se achar prejudicado.

Isso sem contar que provas que estejam entre as finais do calendário podem correr o risco de definir o título no sábado, o que tiraria consideravelmente o peso do evento de domingo. São cuidados que a F1 terá que tomar.

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