Senna e Prost na decisão da F1 de 1990 em Suzuka

Suzuka: um lugar especial para campeões da F1

O circuito de Suzuka estreou na F1 na década de 80 e rapidamente conquistou seu lugar entre as praças mais queridas do calendário da categoria.

E isso aconteceu por diversos motivos. Para começar, claro, o traçado é desafiador, com curvas de alta, média e baixa, com diversos ângulos diferentes. O relevo também tem subidas e descidas que alteram a todo o momento o comportamento dos carros.

Além disso, após 35 anos recebendo a F1, Suzuka também criou uma história especial com o fá da categoria. Na pista japonesa aconteceram várias grandes corridas, atuações individuais marcantes e, principalmente, decisões de títulos que serão lembradas para sempre.

Nesta lista, o Projeto Motor recorda os pilotos que participaram dessa trajetória e levantaram a taça de campeão mundial em Suzuka.

Nelson Piquet conquista o tri em Suzuka

Nigel Mansell e Nelson Piquet vinham protagonizando uma dura rivalidade interna na Williams que, inclusive, resultou na perda do título de 1986 para Alain Prost, apesar da Williams ter o melhor carro da grid.

Em 1987, porém, os dois se isolaram na briga pelo título. A penúltima etapa da temporada, marcou a estreia de Suzuka no calendário da F1, e tinha o brasileiro em vantagem. O circuito japonês foi palco então de sua primeira decisão de título, porém, de uma forma pouco ou nada emocionante.

Mansell sofreu um acidente durante o treino da sexta-feira e precisou ficar de fora da corrida. Isso garantiu o terceiro campeonato mundial a a Nelson Piquet antes mesmo da corrida de domingo.

Senna e Prost: três capítulos marcantes de Suzuka

Em 1988, emoção não faltou. Ayrton Senna precisava da vitória para garantir o título no GP do Japão e saía na pole. Só que o brasileiro quase deixou o carro morrer na largada e caiu para 14º na primeira curva. A partir deste momento, Senna fez uma das grandes corridas de recuperação da história e conseguiu vencer após superar o rival Alain Prost, conquistando seu primeiro campeonato mundial.

Senna e Prost chegaram mais uma vez brigando pelo título em 1989, só que desta vez com o francês podendo ser campeão em Suzuka e com clima fervendo entre os dois fora da pista. Senna mais uma vez saía na pole, só que caiu para segundo na largada.

O brasileiro perseguiu o francês por quase toda a prova e tentou a ultrapassagem a 6 voltas do final. Prost fechou o companheiro de McLaren e os dois bateram. Senna ainda tentou continuar, parou no box para trocar o bico, e recuperou a ponta em ultrapassagem sobre Nannini, da Benetton, a três voltas do final.

Mas Senna foi desclassificado após a bandeira quadriculada por cortar a chicane em seu retorno à pista após o acident e Prost ficou com a taça. Já contamos aqui no Projeto Motor mais detalhes dessa história neste vídeo abaixo. Vale também conferir nosso artigo sobre as repercussões políticas fora da pista nos meses seguintes que quase tiraram Senna das pistas em 1990.

E como uma boa sequência de Hollywood, Senna e Prost protagonizaram um terceiro embate pelo título em Suzuka, em 1990. Desta vez, um acidente privilegiava o brasileiro. E ele não escondeu seu rancor pelos acontecimentos de um ano antes.

Pole de novo, Senna mais uma vez largou mal e perdeu a ponta para Prost, agora na Ferrari. Mas o brasileiro não esperou sequer a primeira curva e acertou o francês causando um acidente que tirou os dois da prova. O título ficou com Senna.

Senna de volta, agora contra Mansell

Um ídolo para os japoneses por suas conquistas e pela forma como trabalhava de forma íntima com a Honda, Senna voltou a Suzuka com chances de conquistar o título em 1991. Só que desta vez, o rival era Mansell.

O inglês precisava da vitória para se manter vivo na briga pelo título, só que na décima volta, perseguindo o brasileiro, cometeu um erro que o tirou da corrida. Senna conquistou o título de 1991 e, no final, abriu caminho para a vitória do companheiro e fiel escudeiro na McLaren, Gerhard Berger.

Temos um artigo no Projeto Motor que explica os detalhes desta batalha de 1991 entre Senna/McLaren e Mansell/Williams.

Damon Hill faz história

O título da F1 voltaria a ser decidido novamente em Suzuka em 1996, com Damon Hill batendo o companheiro de Williams, Jacques Villeneuve. Após dois vices para Michael Schumacher, o inglês se tornava o primeiro filho de campeão mundial a conquistar o campeonato, 28 anos após a última conquista de seu falecido pai, Graham Hill.

Hakkinen bate a Ferrari duas vezes

Mika Hakkinen conquistou dois títulos mundiais em sequência em Suzuka, ambos pela McLaren, em 1998 e 99. E as duas vitórias aconteceram contra pilotos da Ferrari.

Na primeira, ele bateu Michael Schumacher, após uma intensa batalha entre os dois. Na segunda, em uma das temporadas mais malucas da história da categoria, o finlandês teve que suar para superar Eddie Irvine, que assumiu o posto de piloto principal da Ferrari quando Schumacher sofreu um acidente em que quebrou as pernas durante a temporada.

Já contamos a interessante história dessa temporada de 1999 em detalhes aqui no Projeto Motor em outro artigo.

Durante reinado, Schumacher levou as batalhas mais duras para Suzuka

Em sua sequência de cinco títulos consecutivos pela Ferrari, entre 2000 e 2004, Schumacher ergueu a taça do mundial em Suzuka em duas oportunidades. Ambas foram certamente as duas conquistas mais complicadas do alemão neste período de ouro tanto para ele quanto para o time de Maranello.

Em 2000, ele venceu Mika Hakkinen após uma temporada de altos e baixos do finlandês, em uma corrida em que Schumacher precisou vencer de qualquer maneira para levantar a taça e acabar com um jejum de 21 anos da Ferrari sem títulos.

Três anos depois, Schumacher superou uma estrela em ascensão, o jovem Kimi Raikkonen, que tinha chegado à F1 apenas dois anos antes. Com o segundo lugar do finlandês em Suzuka combinado com o oitavo do alemão em Suzuka, corrida final da temporada, Schumacher conquistou o seu hexacampeonato por apenas dois pontos.

Vettel também teve chance de selar título em Suzuka

Com a inclusão de novas corridas no calendário e a extensão da programação para até o final de novembro, muitas vezes até o começo de dezembro, a tradicional data do GP do Japão de Suzuka, na primeira quinzena de outubro, fez com que a pista japonesa deixasse de ser a última ou penúltima prova da temporada, como acontecia de forma tradicional.

Isso fez com que menos títulos fossem decididos em Suzuka durante a última década. Só que em uma temporada de bastante domínio, a possibilidade ainda poderia acontecer. Isso aconteceu em 2011, com Sebastian Vettel erguendo a taça após terminar a prova em terceiro lugar.

A definição, no entanto, teve um caráter menos emocionante pelo fato de Suzuka ser naquela temporada a 15ª de 19 etapas, o que significou uma decisão bastante antecipada.

Última decisão em Suzuka teve campeão que não tinha certeza do título

[Atualizado em 22/09/2023] Após 11 anos, Suzuka voltou a ser palco da coroação de um campeão mundial em 2022, com Max Verstappen conquistando o seu segundo título. Só que a decisão acabou sendo marcada por uma enorme confusão sobre a interpretação do regulamento quanto à pontuação.

Curiosamente, isso fez com que o título fosse anunciado pelo responsável pelas entrevistas dos pilotos no pódio, o ex-piloto Johnny Herbert, e fez com que o piloto holandês perguntasse várias vezes aos representantes de sua equipe se aquilo estava certo.

Enquanto a F1 elegia seu campeão de 2022, ninguém tinha certeza da matemática (chefe da Red Bull, Christian Horner também admitiu que o time foi pego de surpresa pelo anúncio) até que a FIA depois explicou que existia uma interpretação do novo regulamento que, apesar da corrida de terminado de forma antecipada por conta da chuva, existia motivo para os pontos totais serem concedidos. O Projeto Motor explicou na época os detalhes dessa bagunça aqui.

De qualquer forma, Verstappen entrou para o hall de campeões que fecharam a disputa nesta pista tão importante para a história da F1.

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