Com o triunfo no GP do Canadá do último domingo (19), Max Verstappen igualou o número de vitórias de Ayrton Senna, com 41. O simbolismo que o brasileiro tem para a F1 faz com que toda vez que um competidor alcance seus números, mesmo que eles não representem os recordes absolutos da categoria, sempre se torne um grande assunto.

Por isso mesmo, mais uma vez, assim como já aconteceu com Michael Schumacher, Sebastian Vettel e Lewis Hamilton, o fato de Verstappen alcançar Senna ganhou alguma repercussão não só no Brasil, mas também na imprensa internacional e redes sociais.

Agora, Verstappen e Senna estão empatados na quinta posição do ranking histórico da estatística, atrás apenas de Alain Prost (51), Sebastian Vettel (53), Michael Schumacher (91) e Lewis Hamilton (103).

Ao ser questionado sobre a marca, o próprio Verstappen admitiu que acha complicado a comparação dos números com o de pilotos de outras épocas, principalmente pelo fato de cada um ter enfrentado dificuldades, regulamentos e adversários diferentes. Porém, ele admitiu que diante de sua caminhada pessoal, ver seus números chegarem a patamares de pilotos históricos como o do brasileiro é uma realização.

“Eu odeio comparar gerações diferentes, mas, do meu lado, a única coisa que posso dizer é que quando eu era criança e pilotava karts, eu sonhava em estar na F1, e nunca imaginaria que venceria 41 corridas”, disse Verstappen após o GP do Canadá.

“Então, claro que empatar com Ayrton é algo incrível. Estou orgulhoso disso, mas claro, espero não parar aqui. Espero continuar vencendo mais corridas”, continuou, mostrando que o desejo de seguir escalando nas estatísticas de vitórias ainda o motiva.

Mais do que igualar Senna no GP do Canadá, o que talvez chame mais a atenção na estatística de vitórias é a precocidade de Verstappen. O holandês, que estreou na F1 aos 17 anos, tem hoje apenas 25 anos e 9 meses de idade. Ele completa 26 em setembro.

Para se ter ideia, Senna entrou na F1 em 1984, pela mediana equipe Toleman, com 24. Com a mesma idade do piloto da Red Bull, o brasileiro tinha apenas dois triunfos na carreira, conquistados em Estoril e Spa, com a Lotus, na temporada de 1985, a sua segunda no Mundial.

A última vitória de Senna na F1 aconteceu no GP da Austrália de 1993, na sua última prova pela McLaren, antes de se transferir para a Williams em 94. Ele tinha 33 anos e sete meses, ou seja, praticamente oito anos a mais que Verstappen. É uma mostra de o quanto o holandês ainda pode aumentar seus números.

Paralelos de Verstappen com o restante do top 5 da F1

Se continuarmos com o comparativo do caminhar da carreira de Verstappen com base em sua idade em relação aos quatro primeiros colocados do ranking de vitórias da F1, que estão logo à frente dele e Senna agora, vemos que ele tem bem mais tempo que os rivais para superar as marcas que estão à frente.

Prost, aos 25 anos e 9 meses, ainda não tinha conquistado sequer sua primeira vitória na F1. Assim como Senna, o francês estreou na categoria aos 24 anos, em 1980, pela equipe McLaren. A 41ª vitória do total de 51 do francês (que chegou a ser o recorde absoluto da F1 entre 1993 e 2001) aconteceu quando ele tinha 35 anos, no GP do México de 1990, quando ele competia pela Ferrari.

Desta lista, Senna e Prost ainda fizeram parte de uma geração que estreava um pouco mais velha à F1. Os atuais três primeiros da lista já chegaram à categoria mais jovens e tiveram chance de alavancarem seus números mais cedo. Porém, mesmo assim, ainda não chegam nem perto da precocidade de Verstappen.

Por isso mesmo, vale a comparação. Vettel estreou na F1 em 2007, pela equipe BMW, duas semanas antes de completar 20 anos. Aos 25 anos e 9 meses, ele tinha 28 vitórias na F1 e três títulos mundiais. O 41º triunfo de seus 53 veio quando ele tinha 30 anos, no GP da Hungria de 2015, pela Ferrari.

Já Schumacher estreou na F1 aos 22 anos, no GP da Bélgica de 1991, pela Jordan. Com 25 anos e 9 meses, ele tinha 9 vitórias no currículo e ainda estava prestes a vencer o seu primeiro título ao final daquela temporada de 1994.

O alemão conquistou o 41º de seus 91 triunfos no GP da Itália de 2000, pela Ferrari, quando tinha 31 anos e 9 meses. Após aquela prova, a cena em que ele caiu aos prantos ao ser questionado na entrevista pós-corrida sobre o quão especial era igualar Senna acabou se tornando um momento marcante e emocionante da carreira do piloto.

E finalmente chegamos a Hamilton, que, junto com Verstappen, é o único top 5 do ranking de vitórias da F1 que ainda está competindo. O inglês estreou na F1 aos 22 anos, como companheiro de Fernando Alonso na McLaren, em 2007.

Com 25 anos e 9 meses, o britânico tinha 14 vitórias e um título mundial. A 41ª de suas atuais 103 veio quando ele tinha 30 anos e 9 meses, no GP do Japão de 2015, pela Mercedes. Ou seja, cinco anos a mais do que quando Verstappen alcançou a marca de Senna.

Nesta altura, assim como holandês, Hamilton também já tinha dois títulos mundiais e partia firme na campanha pelo terceiro, que seria conquistado menos de um mês depois, no GP dos EUA.

É sempre difícil realizar uma projeção de conquistas no futuro de qualquer piloto, já que isso depende também da competitividade dos carros que ele terá. O conjunto da grande fase de Verstappen com o ótimo carro da Red Bull é praticamente imbatível em 2023 e deixa poucas dúvidas que, no mínimo, ainda estará na briga por mais vitórias nas próximas duas temporadas. Por outro lado, não é possível garantir por quanto tempo esse cenário se manterá.

Mesmo assim, traçando o paralelo com os cinco maiores vencedores da história da F1, clube que ele acaba de entrar, é difícil ignorar que, diante da possibilidade de uma carreira bem mais longa do que os outros nomes da lista, Verstappen tem a chance de quebrar várias das marcas que seguem à sua frente.